Perfection: accomplished

O seu estômago fazia ruídos, já não comia nada desde ontem. Tinha-se comprometido com uma dieta drástica há mais de duas semanas e desde então, a comida tinha-se tornado em algo repugnante que ela se sentia obrigada em digerir, pelo menos uma vez por dia. Já tinha baixado dois tamanhos de roupa e sentia-se mais bonita. Sentia-se sempre mais bonita quando tinha o estômago vazio ...

Estava à espera dele no sítio do costume, no parque da cidade. Tinha vestido umas calças de ganga justas e uma camisola com decote V, o cabelo apanhado num rabo de cavalo e uma camada de make-up estampada na cara. Olhava para um lado e para o outro, com esperança de o ver chegar. Mas não vinha ninguém. Cruzou as pernas e os braços e começou a abanar o corpo de uma maneira impaciente.

Passaram cinco, dez, quinze minutos após a hora do encontro marcado ter passado.

Ah, lá vinha ele.

Ficou imediatamente com um sorriso na cara quando o seu olhar se cruzou com o dele. A expressão dele, porém, não expressava rigorosamente nada.

Levantou-se, dando um pulo quando ele chegou à sua beira e abraçou-o.

"Finalmente chegaste! Estava a ver que nunca mais." Exclamou. Apertou-o firmemente nos seus braços. Mas não sentiu os dele. Largou-o e sentou-se outra vez. Ele também se sentou, ao lado dela, mas com uma certa distância.

"Então...querias falar comigo sobre quê?" Perguntou ele, num tom frio.

"Queria falar contigo sobre nós.."

Lançou uma risada silenciosa. "Nós?"

Ela baixou o olhar. "Sim, nós."

"Eu já te disse tudo .. o que havia para dizer, Mariana."

"O quê? Tu só disseste que por enquanto não dava." Afirmou ela com uma voz fraca.

"Exacto. Já disse tudo."

"Mas..mas isso foi à três semanas. Já passaram três semanas e eu pensava...pensava que a tua opinião tinha mudado."

"Não, não mudou."

Começou a sentir-se intensamente triste, esfregava com as mãos, uma contra a outra e sentiu-se a ficar enervada.

"Tu não vês os esforços que tenho feito por ti?" Exaltou-se.

"Hein?"

Levantou-se então do banco, ainda mais exaltada e pôs-se à frente dele.

"Olha! olha para mim! Não vês?"

"Mas não vejo o quê?!"

"Os esforços que tenho feito por ti, para te agradar, para me desejares!" As lágrimas escorriam-lhe pela face.

"Mas tu estás doida? Do que é que estás a falar?"

"Estas ultimas semanas, tudo o que faço é condicionado por ti. Por favor, ama-me! Eu amo-te! quero que me ames também. Eu consigo ser perfeita, consigo ser perfeita por ti!"

Agarrou-se ao pescoço dele.

"Acalma-te Mariana!" Tentava que ela o largasse mas ela não queria.

"Porque é que não vês, Samuel? Porque é que não me vês?!"