Just tonight

Um estrondo que me fez saltar da cama, como se algo tivesse batido com toda a força à porta. Permaneci sentada em cima da cama, para ver se outro barulho se manifestava.
Nada.
Olhei para o relógio que estava em cima da cabeceira, indicava 3:48 da manhã. Senti um calafrio que me subia pela espinha acima e que acabou por me provocar arrepios.
Levantei-me lentamente e sai do quarto, passando pelo corredor até chegar à porta. Abri-a, num movimento incrédulo e foi aí que caiste a meus pés. Literalmente.
Tinhas-te embrulhado nos teus próprios braços e as tuas pernas estavam encolhidas contra o teu corpo. Tremias por toda a parte. Entrei em pânico.
"Cláudio!" gritei silenciosamente.
Tentei puxar-te para dentro, mas o teu corpo parecia pesar toneládas, como se estivesses morto. Juntei as minhas forças todas e puxei-te novamente, conseguindo meter-te dentro do apartamento. Fechei a porta. Poisei a minha mão em cima da tua testa fervente.
"O que é que fizeste desta vez?" pensei para mim, histéricamente. Corri até à cozinha e enchi um balde com água fria e peguei num pano. Mandei-o lá para dentro e voltei a ir para o teu lado. Dobrei o pano molhado e poisei-o em cima da tua testa. Os teus olhos semi-abertos fixaram os meus. Não senti qualquer tipo de sentimento, foi um olhar completamente morto.
Continuavas a tremer por todos os cantos do teu corpo ainda encolhido. Tentei tirar-te o casaco.
"Por favor, Cláudio...facilita-me ao menos desta vez as coisas."
O meu desespero quase que se tornava palpávél. Senti então os teus braços a desencolherem-se, permitindo-me despir-te. Mandei o casaco para um canto e passei as mãos pelo teu corpo, este também fervente. Olhei para os teus braços e não conseguia acreditar.
"NÃO! Não, não, não, não!" Não acredito nisto." Senti as lágrimas a escorrerem pela minha cara abaixo. "PORQUÊ?!?" Passei os meus dedos pelas picadas de agulha ainda frescas.
Contorceste-te.
Fui-me abaixo, tapei a minha cara com as minhas mãos e chorei.
Chorei, chorei, chorei. Por uns momentos, esqueci-me do amor que sentia por ti. A única coisa que sentia era dó. Dó de ti e dó de mim.
Levantei-me e corri para ir buscar o telefone. As lágrimas acumuladas nem me deixavam descifrar os digitos.
112. Marquei os três digitos e pûs-me de joelhos ao teu lado. Olhei para ti. Não sabia se deveria telefonar, tu nunca me irias perdoar. Sabia que ias apanhar outros anos de cadeia em cima. Mas a tua vida estava em risco. Preferia ver-te por um vidro doque passar a ver-te só na minha memória.
"Perdoa-me .." susurrei-te, carregando no botão verde.

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