pensamentos soltos (dia 08 de junho)

Estava eu a caminho de Coimbra-B, no comboio. Maldita a hora em que me esqueci do carregador do iPod em Sesimbra. Vi-me então obrigada a ter de ler. Não que seja um sacrifício para mim, muito pelo contrário, mas nada me ocupa o tempo como a música. Peguei então no livro do haruki e lembrei-me de que me tinha esquecido do lápis em casa, para riscar as palavras que não percebo. Olhei então à minha volta. À minha frente estava sentada uma mulher e ao meu lado, estavam duas senhoras idosas. Não olhei para trás, mas sabia que estava lá um rapaz sentado. Reparei nele quando este entrou no comboio e como tinha uma mochila ás costas, deduzi que tivesse um lápis dentro dela. Pensei em pedir-lhe, mas não tive coragem. Não percebi muito bem de onde vinha esta falta de coragem. Tentei durante uns tempos ganhar essa tal coragem para ir ter com ele e pedir-lhe o lápis, só que depois pensei que ele iria de certeza sair antes da paragem de Montemor. E passado um tempo, lá estava ele a desembarcar. Lá se foi o meu lápis. E nem tínhamos chegado a Montemor, o que significa que eu deduzi bem. Enfim, lá me dirigi-me para as duas senhoras ao meu lado. uma não tinha lápis, e a outra só tinha uma caneta. Se só têm caneta, eu aceito caneta.

"Vou-me pôr então a escrever" pensei. "Ando a pensar muito." pensei. "Ando a pensar muito na palavra 'pensar'." conclui. Aha! pensavam que eu ia dizer pensar, não era? malandros!

Que tédio, sem música, uma viagem de uma hora pode parecer tão longa. Tenho uma letra feia. quero ter uma letra bonita. Podiam-me dar uma letra bonita, já que estou quase a fazer anos.

O tempo está uma bosta.

Acho uma graça ás senhoras que estão ao meu lado. Contem o seu dia a dia em voz alta, se calhar esquecem-se de que as pessoas têm ouvidos.

Acho que me posso chamar oficialmente de fumadora. quer dizer, fumadora nocturna, porque de dia não fumo, é só há noite. Sinceramente, não percebo porque é que comecei a fumar. Não foi para me considerar fixe, nem sequer acho que fumar seja fixe. Além do mais, já sou fixe desde sempre, por isso. Foi mais uma coisa de querer. Não é recente nem nada, mas antes fumava no máximo quatro vezes por mês, só. e irritava-me quando me mandavam o fumo para cima. agora tornou-se em algo mais habitual, mas ainda me irrita quando mandam o fumo para cima de mim. A minha mãe ainda não sabe e nem convém ela saber. Senão vou mas é fumar cigarros para a cova. E desculpa mafi, eu sei que não querias que eu começasse. Também toda a gente fica espantada. Não percebo porquê. A barbara no outro dia disse que quando me viu pela primeira vez a entrar pela sala de aula, pensou que eu era uma santinha. Ela não é a primeira a dizer-me isso, mas é mais uma das coisas que não percebo. Se eu fosse santinha, a minha mãe gostava mais de mim.

Eu tenho de acabar de ler o livro do haruki esta semana. já não toco nele há tanto tempo. detesto quando fico sem ler, começo-me a sentir vazia e inculta.

Nunca mais chego a Coimbra, que seca. isto para escrever é horrível. Ainda bem que vocês não têm de ler no caderno, senão não iriam perceber patavina. Já estamos em Taveiro, finalmente. Devem faltar praí uns 15 minutos.

Pergunto-me se haverá livros onde os escritores escrevem simplesmente sobre os seus sentimentos mais aleatórios, onde escrevem sobre tudo o que lhes vem à cabeça. Para mim é a coisa mais fácil, escrever sobre o que estou a pensar, sem muito descrever os meus sentimentos, ou nada até.

Antigamente não se saia da estação sem mostrar o bilhete primeiro? Que cena, nem sabia isso. Até que se aprende a cuscar conversas alheias. Sim, sou cusca. Mas só ás vezes. Também, quem é que não é?

Próxima paragem Espadaneira? Mas que raio de nome? A pessoa que deu o nome a esta aldeia devia estar mesmo sem imaginação, coitada. Parece que quando estou a escrever, absorvo todas as informações tipo esponja. Por falar em esponja, é o novo nome que o Miguel me deu. só por eu beber muito quando saio a noite e nunca se notar nada. esponja, que raio de nome também. Já estou farta de andar de comboio até Coimbra e nunca me apercebi que havia esta paragem com o nome de Espadaneira. mas também estou sempre a ouvir música, deve ser por isso.

Bem, estamos a chegar a Coimbra-B, vou mas é devolver a caneta à senhora.

4 comments:

  1. own, adorei
    pedias ao rapaz, ele queria lá saber do lápis (a) xD

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  2. "E desculpa mafi, eu sei que não querias que eu começasse"

    shame on you jennifer -.-
    mas não tens de pedir desculpa miuda, o corpo é teu e tu é que sabes. eu respeito!

    este texto está engraçado xD

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  3. (não te conheço mas também não esperava que fumasses xD não sei ao certo porquê, se calhar é por te associar à Mafalda).
    Obrigada :D
    (acho que nunca comentei o teu blog, mas leio-o)
    Gosto dos teus "pensamentos soltos" e gosto de em viagens grandes ler e ouvir musica. Enerva-me as senhoras que andam alegremente a contar a sua vida enquanto eu tento ler, e quando só estou a ouvir musica distraio-me e acabo a olhar para as pessoas de forma constrangedora (not good xD). Portanto junto as duas coisas!
    Beijinhos

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  4. seres fumadora não se define pela hora do dia em que fumas, nem pela quantidade de vezes que o fazes por dia, ou semana.
    fumar tem tudo de mais que psicológico, como muita gente pensa que tabaco é apenas um desperdício de dinheiro (e de facto é um enorme gasto mensal) e que está apenas ligado ao físico, e que ao fumar se perde resistência, e se fica sem folego na actividade física.. mas a verdade é que vem tudo da cabeça. está tudo no concentrado do stress, do coração até, do bem ou mau estar.
    sabe me bem fumar depois de almoçar ou jantar, e são as partes do dia em que melhor aprecio um cigarro, mas faço o mais vezes por dia, chego a fumar um maço para dois dias, isto porque algo que começou por gosto em inalar, se tornou num gosto preciso, numa certa necessidade, porque sinto a falta de nicotina, sinto me mais violento quando fico em stress e sem fumar, e há quem note isso, porque sem fumar fico mal humorado.
    mas tu ainda tens tempo de parar, um conselho, que me deram há cerca de 2/3 anos quando comecei, para que não travasse, porque isso é que trazia o vício. mas sem travar não há gosto.

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