as invisible as lemon ink, indeed.

só assim, não vês nada. olhas e vês a minha silhueta atarracada, os meus caracoís, ás vezes mais saltitões do que outras. a minha cara redonda, os meus lábios que desenham um sorriso tímido e os meus dentes de ratinho. já foram mais, mas ainda o são um pouco. mas fora isso, não vês nada. não vês a minha insegurança, que saltita dentro de mim, de um lado para o outro, sem saber para onde se virar. não vês a minha felicidade que de vez em quando tem a mania de se esconder de mim. de todos aliás. mas ela quando quer dá sinal de vida. tem alma de criança, gosta de brincar ás escondidas. também não vês o meu coração, aquele músculo que consegue arcar com os mais diversos sentimentos. têm-nos lá bem guardadinhos dentro de si. pronto, ás vezes ele perde o controlo e lá saem eles todos. depois para os apanhar é que é. sofrem todos de complexos de atenção. querem ser vistos, querem que reparem neles, querem dar nas vistas. esses sim deveriam aprender a jogar ás escondidas. sim, há muitas coisas que tu não consegues ver assim, a olho nu. mas podes tentar. aquece-me com as tuas palavras aconchegantes e os teus gestos inocentes, com os teus olhos em forma de avelã e os teus sorrisos repletos de beleza. aquece-me, que aos poucos, e com muita paciência, lá vais conseguir ver um bocado de tudo o que se esconde, todas aquelas verdades camufladas em inocência e mistério.