"E você, quem é?"

Quase que é um cliché uma pessoa se sentir intrigada ao ponto de não saber o que responder quando lhe perguntam "E você, quem é?"

"E você, quem é?"

Todos conhecemos essa sensação, presumo. Ficamos especádos a olhar para um vazio qualquer nas redondezas e não conseguimos deixar sair nenhum ruído, nenhuma única palavra. Quando me perguntam quem eu sou, eu não sei o que responder, não consigo resumir numa única frase uma definição concreta da minha pessoa. Fico ali a pensar, a moer, tentando que algo me venha à cabeça.

"E você, quem é?"

Eu sou um cáos, sou um desastre indefinívél que paira pelo mundo à quase 19 anos. Sinto coisas que não consigo definir, tenho sensações que se recusam em abandonar-me. Tenho inseguranças do tamanho do mundo e uma imagem de mim própria que não poderia ser mais negativa. Não julgo ninguém, todos para mim têm algum valor dentro de si. Menos eu. Sou a minha maior crítica. Ás vezes tenho a sensação de que nunca vou conseguir fazer nada da minha vida e, especialmente, de mim. Não tenho nenhuma prova concreta e palpávél de que a minha existência beneficia algo a alguém. Não confio em ninguém, quanto mais em mim própria.

Sinto-me insegura com cada passo que faço, tenho atitudes auto-destruídoras e costumo cair sempre no mesmo poço. Como é que de lá saiu? Não sei, costumo voltar a acordar na minha cama, sem saber muito bem como é que lá cheguei. Mas também, se estou sempre a cair lá, porque é que me haveria de dar ao trabalho de lá sair?

Dizem que nenhuma família é perfeita, mas acho que nunca me vou conseguir sentir realmente em família quando estou rodeada pela minha. Sinto que nunca se apercebem de quando estou mal, seja porque não querem ver, ou porque simplesmente não o vêm. Sinto falta de um amor paterno que nunca tive, do qual só consigo imaginar o apoio e carinho que nunca me foi dado. O que faz com que eu sinta raiva e ódio de muitas coisas que acontecem, e principalmente pelas pessoas que causam essas sensações dentro de mim.

Como disse, sou um cáos, um desastre indefinívél .. Uma bomba prestes a explodir, um ser que se torna impossível de amar, uma pedra no meio de tantos diamantes. Ás vezes gostava que algo de horrível me atingisse. Não sei .. um diagnóstico de cancro, ou então que um raio se abatesse sobre mim numa noite de tempestade. Não sei se se pode definir isso como instinto suicída. Gosto mais de pensar que não, que seria simplesmente uma forma da vida me matar.
Um pouco paradóxo, admito. Mas já que ela me tirou tanto, mais vale tirar-me tudo o que ela me deu logo de uma vez.

"E você, quem é?"
Ninguém.

1 comment:

  1. adorei jenny apesar de que pronto.
    e sério, tens que deixar essa mania de pôr acentos onde eles não deviam existir x)

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