Asylum

Tocáram à campainha, passava pouco da meia noite. Presenti que fosse ela. E era. Tinha o cabelo ensopado da chuva que caía a potes lá fora. Tinha a sua gabardine preta vestida, e umas calças de ganga justas que lhe acentuavam as curvas. Os sapatos de salto alto pretos davam a impressão de ela ser alta, tendo ela só 1.67m. Olhou-me nos olhos durante uns segundos, esboçou um sorriso e entrou, deixando-me ali ao pé da porta. Pensei duas vezes em mandá-la embora mas não consegui.
Voltei a fechar a porta. A gabardine já ela tinha despido e poisado em cima da cadeira. Já não estava naquela divisão. Onde ela estava sabia eu muito bem, por isso dirigi-me para o quarto.
Ao entrar vi os sapatos no chão; um numa ponta e o outro pouco longe estava. Ela estava sentada em cima da cama, mas eu continuei à entrada do quarto. Observava-a. Perguntava-me como é que um Ser tão perfeito de aparência conseguia ser tão controlador da minha mente e das minhas acções. Ela sabia que eu a estava a observar e começou a tirar a camisa. Desabotuou-a devagarinho, um botão de cada vez, como se não os quisesse quebrar, como se estes de vidro fossem. Olhou para mim. Os olhos dela com eye-liner e rímel ficam mais penetrantes, o preto intensifica o verde. Pelo menos o dela. Desabotuou o último botão ainda com os olhos fixados em mim. Já conseguia ver o peito dela, este também sendo o mais perfeito que alguma vez tenha visto. Despiu a camisa e deitou-a para o chão. Levantou-se para despir as calças. Demorou menos tempo do que aquele que precisou para despir a camisa. As curvas dela, cada vez que as via apercebia-me do poder que as mulheres têm sobre os homens. Formas hipnotizantes, perguntava-me se haverá algo de mais belo do que as curvas de uma mulher.
Senti-me a fraquejar, ali, na entrada do quarto. Sabia que a noite ia acabar como todas as outras, e ela também. Ela é tudo menos burra. Conhece-me demasiado bem, sabe como jogar comigo, como se eu fosse um brinquedo. Ficou ali a olhar para mim. Tirou umas madeixas do cabelo que lhe tapavam uma parte da cara. Da cara dela nem se fala, sem imperfeições. Não sabia que obras de arte como ela ainda existiam à vista do mundo.
Senti-me a fraquejar ainda mais quando ela veio na minha direção. Chegou ao pé de mim e começou a passar as mãos pelo meu cabelo. Sempre disse que gostava do meu cabelo, que era por isso que cada vez que estava comigo, mexia nele. Foi assim que, mais uma vez, o jogo dela começou. Pegou nas minhas mãos e puxou-me para a cama. Passou as mãos para o meu tronco, acariciou-me o peito e despiu-me a camisola. A esta altura já as minhas mãos envolviam o corpo dela. Beijei-a e ela mordeu-me o lábio. Uma, duas, três vezes enquanto eu tirava as calças. Atirou-me para cima da cama e pôs-se em cima de mim. Beijou-me e eu mordi-lhe o lábio, enquanto lhe desapertava o sutiã. Não me lembro para onde o atirei. Começou-me a beijar o pescoço e as minhas mãos acariciavam o seu rabo. Puxei-lhe as cuecas para baixo e deitei-a na cama, desta vez comigo por cima. Tirei os meus boxers. Pûs-me entre as suas pernas e entrelacei a minha língua na dela, penetrando-a ao mesmo tempo. Comecei a pensar se depois disto ela iria ir embora como sempre faz.
Senti a necessidade de lhe perguntar se já tinha pensado na nossa conversa do outro dia, mas os beijos dela sugavam-me a curiosidade temporariamente. O pensamento de que eu não era o único homem na minha arrasava-me, sabendo que ela era a única mulher que eu queria.
Ela continuava com o jogo de provocação. Masturbava-me, deixava-me penetrá-la, isto tudo num ciclo vicioso que sempre demorava uma, duas horas. Já se tinha tornado numa rotina, perdi as contas das vezes que aquilo tinha acontecido, como se fosse um déjà-vu.
Acabámos. Ela levantou-se e começou a vestir-se, dando um toque de frieza e indiferênça ao que para mim sempre tinha sido o ponto alto dos meus dias. Pelo menos os dias em que ela se dignava em aparecer. O telemóvel dela tocou.

"Sim, amor." respondeu. "Como correu a reunião em Nova Iorque?" perguntou. "Ainda bem, fico contente por ti. (...) Não, não estava a dormir ainda, acabei de fazer um chá, sentia-me um pouco mal disposta. (...) Não te preocupes, quando voltares vou ficar melhor. (...) Estou com imensas saudades tuas." Mentiu.

Senti-me enojado. Calçou os sapatos e pegou na mala. Beijou-me na testa e partiu.

3 comments:

  1. adoro adoro .
    o final é o melhor é como a cereja em cima do bolo estás de parabens ; )

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  2. fodass, até a parte de indicares ser um homem o sujeito deste texto, pensei que fosse algo de carácter lésbico, e estava a ser lindo, mas mesmo sendo heterosexual, está muito bom, mais uma vez, conseguiste "levantar" xD

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