sem rumo.

olho-me no espelho. olho, mas não vejo. toco, mas não sinto. afinal, o que é que eu sou? uma alma pobre e vazia que vagueia pelo mundo, a passar os dias para chegar, mais depressa do que possível, ao fim? o que é isto? será que isto não passa de uma mera ilusão, à qual deram o nome de vida? porque é que as coisas essências não são palpáveis? por exemplo a felicidade, o amor, a saudade, a decepção, a angustia, a insegurança, a incerteza, o medo? aposto que se estas coisas fossem todas palpáveis, eu estaria mais convencida de que isto tudo não passa de uma bicho de sete cabeças dentro da minha mente. quero chorar, mas nem me sinto no direito de o fazer. tenho a sensação de que as lágrimas não são um luxo ao qual todos têm acesso. e eu sinto como se eu fizesse parte dos que não têm acesso a esse tal luxo. sinto-me privada de tudo. de sentir. de me exprimir de qualquer maneira possível. de querer. de desejar. de precisar. sinto-me um nada, sinto que estou perdida e não encontro nenhum mapa, nem tenho o dinheiro suficiente para comprar um gps, ou uma buçula. nem sequer tenho a ousadia de roubar nem uma coisa nem outra. sinto que os olhares das pessoas me transperçam como laminas afiadas. onde é que eu estou? para onde devo eu ir? não sei. sei que estou em frente a um espelho. olho, mas não vejo. toco, mas não sinto.

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