moments of a lifetime (4)

Os seus olhos abriram paulatinamente. estava deitada na sua cama e apercebeu-se que a noite ainda reinava. olhou para o seu lado direito e espreitou o ecrã do telemóvel; eram 3:46 da manhã. voltou a deitar a cabeça em cima da almofada e deixou o seu corpo nu, excepto a parte de baixo na qual tinha uns boxers femininos vestidos, e meio tapado ficar imóvel em cima daquela cama. e lá permaneceu, a fixar o tecto branco. mas depressa se começou a sentir entediada. tentou adormecer, mas nada. os olhos fechavam mas a mente continuava bem desperta. voltou a abri-los e num ápice, destapou-se e levantou-se. caminhou pelo chão de azulejos descalça e foi até ao cesto da roupa lavada, que se situava na casa de banho. pegou então numa t-shirt que usou para cobrir o seu peito nu e vestiu uns calções em seda. voltou então para o quarto, pegou no seu portátil e voltou a sentar-se na cama. durante uns curtos momentos ficou a pensar porque é que se tinha levantado e se ir vestir, para depois voltar para a cama.
"Não faço coisa com coisa, ultimamente." pensou.
Ligou o computador e enquanto esperava que todos os programas estivessem carregados, pegou no seu maço e tirou um cigarro. acendeu-o e inspirou um grande bocado de fumo que voltou a expirar pelo nariz. À medida que levava o cigarro à boca, observava o anel no seu polegar. deixou então o cigarro preso entre os lábios e começou a escrever. quer dizer, tentou. escrevia meia dúzia de palavras que após pouco tempo, voltava a apagar. e fez o mesmo acto umas quatro ou cinco vezes seguidas. quando viu cinza a cair em cima do teclado, apressou-se para pegar no cigarro.
"Para que é que me apressei se a cinza de todas as maneiras já caiu para cima do teclado?" abanou a cabeça e voltou a inspirar o fumo do cigarro. desta vez, expirou pela boca. poisou-o no cinzeiro, sabendo que daqui a pouco tempo só restaria as cinzas e a beata, visto que se ia esquecer dele. voltou a tentar escrever algo para sua crónica, mas ao fim ao cabo, a página no computador permanecia vazia e branca. Nisto tudo, ouviu o telemóvel a vibrar. pegou nele, tinha uma mensagem não-lida.
«Nunca mais disseste nada, tenho saudades tuas, babe.»
"Someone is feeling needy today." gozou.
Ia para pegar no cigarro mas a única coisa que restava deste era, como tinha previsto, as cinzas a beata.
"Eu sabia." murmurou, mandando a beata para o meio das outras que lá se encontravam. Voltou a pegar no maço e tirou mais um cigarro, que acendeu de imediato. Fechou o portátil e poisou-o de novo no chão. despiu a t-shirt e os calções e voltou a enfiar-se por debaixo do lençol, com o qual se tapou só a metade. deixou-se ficar deitada, a fixar o tecto. inspirou outro bocado de fumo e olhou para a sua direita. espreitou o ecrã do telemóvel; eram agora 4:07.
"Whatever." e expirou o fumo pelo nariz.

1 comment: