lost love

O céu não podia estar mais azul, o sol não podia estar mais brilhante, a brisa não podia estar mais agradável e, no entanto, ela sabia muito bem que as razões que a tinham feito ir ter áquele lugar eram tudo menos positivas. A noite anterior tinha sido passada em branco e as horas foram passadas a cuspir palavras que se tinham transformado numa das maiores discussões que ela alguma vez tinha tido. Depois disso, saiu porta fora e simplesmente começou a andar sem nenhuma vez olhar para traz até que deu por si em frente áquele sítio. o sitio onde tudo tinha começado, ou melhor dizendo, onde nunca nada deveria ter começado. tinha os braços cruzados e as pernas encostadas uma a outra e deixou-se ficar ali imóvel observando aquele céu azul, aquele sol brilhante e deixando aquela brisa agradável acariciar suavemente a sua pele pálida. não sabia que horas eram, mas sabia que ainda era cedo. sentiu então uma presença atrás de si, como se um calor se estivesse a aproximar cada vez mais dela, provocando-lhe arrepios pela espinha acima.
"Sabia que te ia encontrar aqui" disse a voz masculina.
"Acho que não é preciso pensar muito para saber que este é o sitio no qual pensamos sempre após termos uma discussão" ripostou ela.
"Sim, tens razão." e ditas estas palavras, um silêncio reinou. ambos se calaram e durante alguns momentos, a única coisa que os transeuntes iriam ver seria um rapaz especado a fixar uma rapariga a frente dele, com as costas viradas para este, de braços cruzados a observar a paisagem. mas o porquê daquele cenário se estar a reproduzir iria-lhes permanecer desconhecido.
"Olha para mim" pediu ele.
Esta então, lentamente, virou-se para ele, mantendo os seus braços cruzados e a cabeça descaída, deixando os seus olhos fixarem o chão. o rapaz então posicionou o seu dedo indicador por debaixo do queixo dela, levantando assim a sua cabeça, fazendo com que os olhos de ambos estivessem a mesma altura. aproximou-se então mais ou pouco dela, os lábios de ambos estavam só a poucos milímetros de distancia.
"Já não te consigo sentir como antes, tornaste-te tão distante, ao ponto de eu as vezes me perguntar a mim mesmo se te conheço."
a cada palavra, o calor da sua respiração aquecia uma parte da cara dela e as primeiras lágrimas começaram a cair dos seus olhos. no entanto, nenhuma palavra foi pronunciada da sua parte. ele então distanciou o seu dedo do queixo dela, levando-o em direcção a uma das lágrimas para a secar. e ai, voltou a falar.
"Eu sei que não vais dizer nada, mas não faz mal. eu nunca te pedi que me desses satisfações, e não vai ser agora que vou começar. nunca te pedi que mudasses nem a ti nem as tuas atitudes, e também não vou começar a fazê-lo agora. mas eu sempre te prometi que ia ser o teu ombro, que ia ser o teu lenço quando chorasses e que irias sempre estar aqui. e nunca quebrei nenhuma dessas promessas, por isso, vai ser algo que vou continuar a fazer, seja qual for a tua decisão."
e foi ai que os seus lábios colidiram com os dela. conseguia ainda sentir o calor que provinha deles, mas no entanto, já não conseguia sentir amor nenhum. e no momento em que aquela sensação o invadiu, quase que conseguia sentir o seu coração a despedaçar-se dentro dele; separou então os lábios e enrolou-a nos seus braços sabendo que o único calor que iria sentir seria o do seu próprio corpo juntamente com o dela, visto que o amor que esta sentira por ele já tinha sido soprado por aquela brisa perfeita para bem longe daquele sitio.

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