Sempre disseram que os homens são como o vinho

Estava sentada numa mesa e viu-o a descer as escadas. Desde que tinha penetrado o café, vinha alimentada com um pouco de esperança que ele estivesse lá como sempre. Manteu a calma, olhou para ele e deixou que os seus olhares se cruzassem. Ele cumprimentou primeiro a dona do café e um cliente habitual. Depois, veio cumprimentá-la a ela dando-lhe dois beijos, um em cada face. Trocaram umas poucas palavras até ela lhe pedir para lhe ir tirar um café. Ele então foi, e voltou com um café para ela e um para ele. Sentou-se no lugar situado em frente ao dela e começou a conversa trivial de sempre, començando com perguntas escolares, passando depois para as perguntas mais pessoais.
"Então e os namoros? Evoluiram desde a última vez?"
"Nem por isso, tudo na mesma. Ou .. quer dizer, tenho uns rapazes interessados, mas ... não sei, não quero nada agora. Não houve nenhum clique com nenhum deles."
"É natural, és novinha, tens a vida toda pela frente, agora tens é de sair, divertir-te, conhecer pessoas, nada de compromissos."
"Sim, eu sei, e também não estou com pressa nenhuma." Ripostou, inspirando ao mesmo tempo o fumo do tabaco.
"Nem tenhas."
Continuaram então a sua conversa, saltando de um tema ao outro, mantendo-se sempre na área das relações entre homens e mulheres, intensificando cada vez mais. Os desabafos começaram a ficar mais intímos e o ar começou a ficar mais quente
(...)
"Estou a excitar-te, não estou?" Perguntou ele, fixando-a com os olhos e aproximando o corpo da mesa.
Ela continuava encostada ás costas da cadeira. "Porque dizes isso?"
"Eu noto isso em ti. Vejo como estás aí sentada, a tua linguagem corporal." Mordeu o lábio. "Sabes, tens cara de quem gosta de sexo, pareces ser quente."
"O que te faz dizer isso?"
"A tua maneira de ser, de falar, dás-me essa sensação. As coisas dos teus textos, gostava de te proprocionar essas sensações, mereces alguém que te faça sentir daquela maneira, que te dê aquele prazer."
Riu-se. "E tu consegues?"
"Consigo." A resposta saíu como se tivesse sido disparada de uma pistola, com toda a confiança e segurança que pudesse haver. Ele pegou num cigarro. "Tens um isqueiro?"
"Tenho." Pegou no seu isqueira com a cara do Che Guevara estampada na tinta vermelha e ia para lho dar.
"Não. Quero que sejas tu a acendê-lo."
Acendeu o lume e encostou-o ao cigarro que estava enfiado na boca dele. "Isso excita-te, é?"
Ele deixou o olhar dele responder um silencioso 'sim'.
(...)
Continuaram naquele jogo de provocação. A verdade é que aquela conversa a estava a excitar, começou a sentir uma sensação espectacular no seu sexo e saber que ele nem lhe estava a tocar fazia com que a sensação ficasse mais intensa do que costume. Era a primeira vez que ele tinha ultrapssado aquela linha, que tinha entrado naquele jogo onde as cartas foram postas em cima da mesa. As pessoas de fora não se apercebiam de nada, se olhassem para eles, iriam ver uma jovem e um homem feito a comunicar, mas nunca na vida iriam imaginar que a tensão e o desejo sexual entre eles quase que se tornava palpável. Ele continuava a picá-la, mostrando o desejo óbvio que o estava a invadir naquele momento e esse sentimento era mutuo.
"Vem comigo lá para dentro." Pediu.
Ela riu-se, mordeu o lábio e disse que não com a cabeça. "Quero que fiques aí desejoso."
Voltou a fixá-la, como se o seu olhar a estivesse a despir e a acariciar cada recanto do seu corpo."
"Um dia ... vais provar e nunca mais vais querer outra coisa."
"Tens assim tanta certeza?" Desafiou-o.
"Tenho."
(...)
Entregou-lhe uma nota de 10 euros. "Vai-me pagar os dois cafés e troca-me as moedas para um Marlboro."
Ele então levantou-se e dirigiu-se para a caixa, enquanto ela vestia o seu casaco. Ele voltou com o dinheiro.
"Então e o meu maço?"
Ele deu uma gargalhada. "O que é que eu recebo em troca?" Inclinou o corpo para cima dela.
"Hoje não recebes nada."
"Não recebo nada?" Poisou as moedas em cima da mesa.
"Não." Voltou a morder o lábio.
"Eu quero beijar-te hoje." Confessou.
Ela voltou a acenar com a cabeça. "Vais-me buscar o maço ou não?" E ele foi.
Despediram-se e ela saiu para ir apanhar o autocarro. Subiu a rua urbana, tentando processar a tarde que tinha acabado de ter, pensando no facto de que a possibilidade daquela conversa ser um dia transformada em acções era bem maior do que ela imaginava.

1 comment:

  1. quando vi nas actualizações , parecia interessante, depois abri, e vi que era bastante comprido, não li! sou sincero :D
    xDD

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