"Cinema Paradiso."

Uma nuvem de fumo cobria o ar, o sítio repleto de pessoas, umas alteradas, outras não. O ambiente estava perfeito e derepente apareceste novamente.

Foi um encontro casual. Senti logo aquele sentimento de segurança que outrora me tinha sido proporcionado. Primeiro, voltei a apreciar o teu físico. É escusado dizer que simbolisas o que para mim é, sem dúvida, um rapaz atraente. Tudo em ti era como eu gosto. Cabelos escuros e com madeixas rebeldes, olhos penetrantes e escuros, também. Caparro bem formado, braços fortes, mas não musculados e a barriguinha que substítui as tradicionais "tabletes de chocolate" das quais milhares e milhares de raparigas gostam (mas eu não percebo porquê.)

Falámos, falámos sobre coisas sem nexo, trocando linguagem corporal; as tuas mãos am cima das minhas ancas e do meu tronco, enquanto as minhas cariciavam a tua nuca, sem quaisqueres segundas intenções. Fizeste-me rir várias vezes, e encantaste-me cada vez que esboçavas um sorriso, acho que o teu é um dos mais lindos que vi ultimamente. Ou entao foi o único que, por alguma razão, me cativou imediatamente. Aproximaste-te, a tua cara junto à minha e sorriste.

Beijaste-me. Já há muito tempo que não me beijavam assim, daquela forma insaciávél. O sabor dos teus lábios diferênciou-se de todos os outros em vários aspectos, tal como a textura da tua língua. Passiei os meus dedos pelos teus cabelos. Morder o teu lábio mais parecia um hábito que não conseguia controlar. E pela primeira vez, fui eu quem não quis que te afastasses. (...)

Acordei. Olhei para os lados mas não tinha ninguém a meu lado. Tinha mesmo sido um sonho, fruto da minha imaginação que continua demasiado fértil. Mas eu sei que tu existes. Tu andas por aí, nas ruas urbanas a pairar como uma alma que vagueia pelo mundo. Andas por aí ... mas dúvido que te vá encontrar.

‎"Tu t'en vas à la dérive sur la rivière du souvenir et moi, courant sur la rive, je te crie de revenir. Mais, lentement, tu t'éloignes." La noyée, par Serge Gainsbourg.