vovó

estava hoje a espera do meu autocarro, encostada a um muro, para voltar para casa e estava um frio horrível, mas mesmo assim naquele momento não era bem o que me ia pela cabeça. havia neve por todo o lado e não sei porquê, mas quando comecei a olhar á minha volta, comecei a ter flashbacks e quase que me caiam as lágrimas, mas consegui fazer com que elas não derramassem.

sorri então e lembrei-me do inverno em que cá estiveste. dizias sempre que gostavas de estar cá connosco, mesmo se só tiveste a oportunidade de nos vir visitar duas vezes. disseste que era diferente, que gostavas das pessoas. lembro-me tão bem dos dias em que pegavas em mim e me obrigavas a ir a missa contigo, todos os sábados a noite e todos os domingos de manhã. dizias que era importante ir a missa, e eu acreditava.

enquanto relembrava essas memorias, tive de me rir, quando pensei na vez em que nevou e tu agarraste-te com muita força ao meu braço, com medo que cada passo te pudesse custar o bem estar da tua coluna vertebral. "ai que eu caiu daqui a baixo" "ai que isto escorrega tanto, jenninha" "ai que agente ainda se mata" e rias-te. esse teu riso que tanto me faz falta. lembro-me dos ataques de riso que tinhas as vezes, só de te ver a rir daquela forma já era suficiente para eu ficar feliz. basicamente, cada vez que tu estavas bem, eu estava bem, não há duvida.

depois de ter passado uns minutos a relembrar momentos passados, voltei com os meus pensamentos ao presente. estiquei as minhas mãos geladas e olhei para o relógio. "a porcaria do autocarro também nunca mais chega" pensei. e continuei a ouvir a minha musica, enquanto permanecia encostada ao muro, com as mãos enroscadas no meu cachecol e fixava os flocos de neve presos nos meus caracóis.

3 comments:

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  2. a tua avo era uma santa
    tanto ke me falaste dela xD
    ate tenho fotos xD

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  3. ohh :')
    é dos teus textos mais bonitos. as avós são uma segunda mãe *

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