fifteen minutes of a lifetime

Naquele dia, vinha do ginasio e estava agora a espera do meu autocarro para ir para casa. como ainda faltava um bom quarto-de-hora, encostei-me ao muro, coloquei a minha mochila entre as pernas e pus-me a ouvir musica. e assim fiquei. para passar o tempo, pûs-me a observar as pessoas que por ali passavam ou então que também ali permaneciam, a espera do seu meio de transporte. A primeira pessoa que me despertou o interesse foi uma senhora não muito velha. ela estava vestida de uma maneira muito chique e sofisticada estava ao telefone e parecia não estar muito satisfeita, e não se dava ao trabalho de esconder a sua insatisfação. visto que eu tinha os phones nas orelhas e que tinha a musica ligada mas que mesmo assim, consegui ouvi-la a falar, suponho que não devia estar a falar la muito baixo. apos uns poucos momentos, desligou o telefone e amandou-o com força para dentro da sua mala Luis Vuitton. Foi ai que chegou um carro preto avernizado, do qual saiu um homem que aparentava ser de uma certa idade. este abriu-lhe a porta de tras e ela, sem sequer lhe olhar para a cara, entrou para o carro de nariz empinado, deixando o motorista fechar-lhe a porta, voltar a entrar para dentro do veiculo e arrancar. admito que o comportamento dela me fez rir. tentei concentrar-me na minha musica, quando reparei num homem ainda bastante jovem, atravessar a passadeira. tinha umas calças de ganga, uma t-shirt branca e tinha um cigarro na ponta dos dedos. o cabelo dava-lhe pelas orelhas e tinha umas franjas que lhe tapavam ligeiramente os olhos. não era o meu tipo de rapaz, mas a maneira de ele andar e a sua postura fizeram com que os meus olhos o acompanhassem, até que este acabou por entrar para a estação. saindo do meu estado leve de hipnose, olhei para o relogio. ainda faltavam 7 minutos. ja que estava num estado tão observativo, olhei em volta e vi se havia alguem que valesse a pena observar. foi ai que me deparei com um grupo de rapazes. estavam a rir e a falar entre eles, quando de repente um barulho de sapato se ia aproximando. todos viraram as cabeças para o lado de onde vinha o barulho e alguns deles literalmente se babaram ali, mal puseram os olhos sobre uma rapariga que se dirigia na direção deles. ela tinha umas calças justas vermelhas e tinha uma camisola preta um pouco subida, mostrando parte da sua barriga e ancas, a condizer com os sapatos de salto alto que trazia nos pés. tinha uma mala minuscula na mão, onde deveria apenas caber um telemovel e um porta moedas. estes ainda com os olhos fixados nela (ou melhor dizendo nas suas "curvas" que não existiam) afastaram-se uns dos outros, deixando um espaço vazio, pelo qual ela passou, seguindo o seu caminho. e os olhos deles acompanharam cada um dos seus movimentos, obrigando as suas cabeças a acompanharem igualmente. antes de ela desaparecer, um deles assobiou bem alto. mas ela continuou a ignorar, virando agora numa esquina. pensei para mim o que é que eles poderiam ver numa tabua de passar a ferro, que tinha uma forma bastante futil de se vestir. revirei os olhos e dei uma gargalhada. voltei a olhar para o relogio. o meu autocarro ja não deveria demorar muito a chegar. e apos uns segundos, la apareceu ele. entrei e mostrei o meu cartão ao motorista. dirigi-me para o fundo do autocarro, e sentei-me num lugar do lado da janela. e a medida que o autocarro avançava, apercebi-me que passei aquele tempo entretida a observar pessoas que secalhar nunca mais iria ver, pessoas que nunca tinha visto, ou as quais nunca tenha dirigido uma palavra e que poderiam morrer amanhã e eu nem saber. mas foram pessoas que, de uma forma estranha e que me era desconhecida, conseguiram cativar a minha atenção durante quinze minutos.

1 comment:

  1. AWESOME *_* mesmo lendo only the begining x)

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